Já virou lugar-comum dizer que o Brasil está na moda. Investidores inundam nosso mercado de dólares, a respeitada revista The Economist pôs na capa a imagem do Cristo Redentor decolando, Barack Obama derramou-se em elogios na visita feita ao País em março, a Copa e as Olimpíadas estão logo aí. Tudo muito bom, mas, se o brasileiro quiser mesmo mudar seu status no mundo, vai precisar entender e ser entendido. Isso passa pelo domínio da língua universal, o inglês, objetivo que hoje parece bem distante.
Há várias razões para essa deficiência. Entre elas estão a baixa qualidade do ensino na rede pública, a escassez de professores qualificados nas escolas privadas e o fato de o inglês não ser disciplina obrigatória até o 6.º ano do ensino fundamental.
Uma pesquisa divulgada em março pela empresa de ensino de idiomas Education First colocou o Brasil na 31.ª posição entre 44 países num ranking de proficiência (competência) em inglês. O estudo usou testes aplicados a 2,3 milhões de pessoas. Curiosamente, os Brics, grupo de países emergentes, ficaram agrupados, todos com grau baixo de proficiência. A China puxou a fila, na modesta 29.ª colocação, seguida de Índia, Brasil e Rússia. Na América Latina, ficamos atrás de Argentina (16.º) e México (18.º).
“Falta no País a consciência de que políticas públicas para o ensino de inglês são essenciais”, diz a mestre em políticas educacionais pela Universidade Harvard Ana Gabriela Pessoa, dona da EZ Learn, empresa de ensino a distância de inglês. “Independentemente da Copa e das Olimpíadas, inglês é a língua mundial. É difícil se colocar no mercado de maneira competitiva sem dominá-lo.”
Para a coordenadora das disciplinas de língua estrangeira nas graduações da Unicamp, Inês Signorini, o problema transcende o aprendizado do idioma. “O déficit de falantes em inglês é a ponta do iceberg do problema maior, a qualidade da educação brasileira.”
Desinteresse. Fica difícil ter qualidade sem docentes bem formados, escassez ligada ao baixo apelo da carreira para os jovens. “Tem poucos interessados em fazer licenciatura em faculdades públicas e as particulares estão jogando alunos com formação deficiente no mercado”, afirma a professora do cursinho Anglo Sirlene Aparecida Aarão, doutora em Língua Inglesa pela PUC de São Paulo.
Problemas estruturais também prejudicam o aprendizado. Um exemplo é o fato de a lei só definir como obrigatório o ensino de idiomas estrangeiros a partir do 6.º ano do fundamental - época em que os alunos já têm, em média, 11 anos de idade. De quebra, no ensino médio muitas escolas incluem a alternativa do ensino de espanhol como língua estrangeira. Com isso, não se aprende bem nada, acredita Julio de Angeli, vice-presidente da Education First. Muitos alunos fazem espanhol por comodismo, pela semelhança com o português. Aprendem, no máximo, portunhol. “O inglês fica à margem.”
Talvez isso explique por que mesmos os jovens, acostumados a navegar nas redes sociais em que o inglês é requisitado a toda hora, tenham dificuldades com o idioma. Vagas para trainees e estagiários não são preenchidas por falta de candidatos que atendam ao pré-requisito de fluência em inglês. “O idioma continua sendo um filtro na seleção. Mais do que nunca, quem tem inglês fluente sai na frente”, diz Manoela Costa, gerente da consultoria de recrutamento Page Talent.
O apagão do inglês não poupa nem a elite do sistema educacional. Nas universidades, alunos com baixo domínio do idioma são regra, não exceção. Para o coordenador de Relações Internacionais da Unicamp, Leandro Tessler, esse quadro prejudica a produção científica brasileira. “Não vamos avançar no impacto de nossas pesquisas sem uma comunidade acadêmica fluente em inglês. Pesquisador que não sabe inglês está em desvantagem em relação ao que escreve e lê bem.”
Outra opção é a dos intercâmbios, que juntam ao aprendizado da língua a chance de conhecer de perto a cultura (e o sotaque) dos nativos do idioma. Mas se engana quem pensa que basta um mês no exterior para resolver problemas com o domínio do inglês, alerta o gerente de Marketing da agência Student Travel Bureau (STB), Samuel Lloyd. “Para potencializar o investimento, recomendamos que, antes de viajar, o aluno faça um curso no Brasil. As pessoas têm a ilusão de que só ficando um mês fora voltam falando, e isso não é verdade.”
A coordenadora do Senac SP Thaís Lisboa, de 32 anos, seguiu esse caminho. Antes de passar um mês em San Diego, Califórnia, em 2009, estudou inglês por um ano e meio. Aproveitou o período no exterior para conhecer a cidade e, nas visitas a museus, parques e restaurantes, puxar papo com moradores. “Queria praticar o idioma com pessoas dali”, diz. “Senti a evolução quando voltei. Hoje, estou muito mais segura.”
Para o vice-presidente de Recursos Humanos do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Francisco Garcia, o turismo é a típica indústria na qual funcionários de todos os níveis deveriam aprender inglês. “Vamos receber muita gente para os eventos esportivos, mas não podemos esquecer dos estrangeiros que têm vindo em massa fazer negócios”, afirma.
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